A solenidade de Cristo Rei do Universo traz consigo uma certeza: a vida da criação não avança às cegas, sem rumo, mas avança em direção a uma meta final, que é a manifestação definitiva de Cristo, Senhor da história. Nós, que cremos, já celebramos através da fé, o que será definitivamente revelado no fim dos tempos. Sim, Nosso Senhor Jesus Cristo é o Rei do Universo, Ele é o Senhor de tudo o que existe. Mas isso só se manifestará plena e definitivamente no final da história.
No entanto, quando olhamos para nossa realidade, o que vemos são sinais de um anti-Reino: injustiças, desigualdades, desunião, falta de amor. E enquanto percorremos esse caminho terreno, devemos aprender a desenvolver um olhar de justiça, de fraternidade, de união e de amor, para reconhecer a presença de Cristo Rei, mesmo entre os desânimos e fadigas que marcam o caminho da humanidade. Salta aos olhos o modo de Nosso Redentor e Rei, reinar em relação aos "reis" deste mundo! Como nos recorda Lucas no Evangelho (23, 35-43), nosso Salvador, além de mostrar-se como o supremo servidor, senta-se num trono em forma de cruz, despojado de vestes luxuosas e de todo sucesso aparente.
Cristo não usa de violência nem de opressão contra aqueles que se opõem a ele, não tem exércitos ao seu dispor. Sua única força é o amor sem reservas, ao ponto de se entregar pela salvação de todos nós. Essa é uma lógica, à primeira vista, realmente difícil de entender e aceitar. É uma estranha lógica, pois os que crêem no Cristo são desafiados todo o tempo em sua vivência cristã, são confrontados com novas escolhas e comportamentos em um mundo que apresenta uma lógica diferente daquela de Jesus de Nazaré.
Diante dessa realidade, corremos o risco de duvidar que Cristo esteja realmente reinando sobre nossa história. Por isso a Igreja, Mãe amorosa, nos propõe essa Solenidade litúrgica, convidando-nos a dirigir nosso olhar e reconhecer a obra de Deus que, todos os dias, já se realiza em Cristo: o mesmo olhar do “bom ladrão” que, embora crucificado ao lado de Jesus, reconhece a sua verdadeira identidade e confia-se a Ele: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. É um olhar de fé, é um olhar de esperança, é um olhar de amor. Ao que Jesus responde com igual amor: “Em verdade te digo: ainda hoje estás comigo no paraíso”.
Esse é o reinado de Cristo, essa é a presença do reino de Deus entre nós, e por isso, com muita fé deixemos brotar em nossas corações essa singela oração: “Senhor, venha a nós o vosso Reino!”, um Reino de amor que pedimos, e que também nos comprometemos a realizar com nossas ações concretas.
Texto: Diácono Edilson da Costa
